Alma

Como pode a alma doer,

Se matéria não o é?

O peito aperta a gemer

fazendo-nos perder a fé.

Como pode a alma amargar,

Se paladar ela não tem?

Sendo amor um doce cavalgar

Anunciando a felicidade que vem.

Como pode a alma sofrer,

Se é o coração que quase para?

A ver o encanto se perder

qual bruma que o sol espalha.

Como pode a alma chorar.

se é dos olhos que as lágrimas vêm?

E corpo físico inundar

de lágrimas que alí não têm.

Como pode a alma morrer

Se eterna dizem que o é?

O peito continua a gemer

na voz desesperada de mulher.

Melodia Noturna

Noite de chuva

A noite cai,

e o céu chora.

O pensamento voa

cogitando em ir embora.




A chuva molha a cidade

mas minh´alma jaz enxarcada

Solitária por necessidade

de não ser mais atormentada.




Serão fantasmas a me rodear?

Por que escolhem a mim?

Um ser vazio a clamar

por um silencioso fim.




Será meu sangue derramado

Que os atrai e atiça?

Poderia eu ter amado

ser vítma de tamanha injustiça?




Não gosto do que vejo,

porém ainda não os temo.

Desisti de saciar o desejo

de parar as areias do tempo.




Ficarei por aqui mais um pouco.

Estancar os cortes e me levantar.

Não agirei feito louco,

enquanto a chuva não passar.




Melodia Noturna

EU

Quem sou eu pra vc?
Quem eu fui um dia?
Um recanto de prazer,
Ou momento de alegria?

O que você pensa de mim?
Sente minha falta?
Tudo acaba assim,
No meio da pauta?



Meu tinteiro está vazio
E as folhas pelo chão
Junto ao tapete macio
Jogados pela sua mão.



A inspiração não se vai
Mas a companhia já é extinta
Sem avisar você sai
E minha porta aberta ainda...


Quem era eu afinal?
Você era muito para mim.
Então veio o golpe final
Me deixando sozinha assim.



Eu sou o sopro no seu pescoço,
Aquela a segurar sua mão,
A corda que te tirou do poço,
E o calor no coração.



E mesmo assim você se foi
Virou as costas e saiu
Maldito o primeiro “oi”
Ao qual meu coração se abriu.

Melodia Noturna

Brinde Fatal

Com sorrisos e olhares
Festejando seguiam eles
Ela inspirava os ares
Da nova aventura deles.

A noite era tão bela
Diversões como de criança
Ele revigorava-se ao lado dela
Sentia-se naquela dança.

E a noite se estendia
Tudo parecia ideal
Mas algo faltava, lhe parecia
Ele iniciou um brinde afinal.

E ao brinder cada um com sua taça
com força ele chocou a sua na dela
Deu-se então a desgraça
O encanto acabou nela.

Foi surpresa demais para ela
Confusa e ainda cortada
A noite não era mais bela
O homem a rejeitara?

Quebrando a taça da dama
ela não soube mais o que se passava
A noite terminou na cama
Onde ele não mais estava.

Melodia Noturna

Encerramento

E é assim que a vida parece às vezes
Sem destino algum
Ou dois destino seguindo meses
Para lugar nenhum

Às vezes a vida toma rumos
Diferentes do que imaginamos
Nos levando a vales profundos
Continuamos, e assim andamos

E concluimos que o melhor é o fim
Cada um seu lado escolher.
Eu sei que é difícil assim
Largar o que planejamos colher.

"Mas é tão dolorido este encerramento"
Você diz pensando do que antes queria
Mas eu digo, o que dói é o momento
O importante é o amor, e não a parceria.

Melodia Noturna

AS AREIAS PASSARÃO?

Existem momentos perfeitos...
Dias perfeitos....
Pessoas perfeitas....
E quando pessoas perfeitas em momentos e dias perfeitos acontecem, a ampulheta da vida gira
E joga encima disso tudo suas areias traiçoeiras.
Então inicia-se a contagem regressiva...uma hora tudo isso vai acabar soterrado pelas areias.
Vão-se embora os momentos perfeitos...os dias...as pessoas...
A ampulheta não tornará a girar? Quando as areias passarão para o outro compartimento e permitir que tudo isso se desenterre e ocorra novamente?
Sinto muito em meu peito em pensar que nunca mais acontecerá. Mas é o que a vida têm mostrado.
Fomos nós que permitimos o giro da ampulheta? Ou a vida tratou de virá-la sem aviso?
As areias passarão? Infelizmente...acho que não...


Melodia Noturna