terça-feira, 21 de julho de 2009

O conto do espelho


Ele olha para o espelho
e vê outro de si a olhar
mas não são os dois o mesmo,
Há um em cada lugar.

O que o homem faz daqui
o outro faz parecido de lá
mas não fazem os dois o mesmo,
Há um em cada lugar.

Ele se diverte com o parceiro
e o parceiro também com ele
Mas daí chega um terceiro,
E impõe um fim derradeiro.

O que um homem faz daqui
o outro não faz mais de lá
o homem já não é mais o mesmo,
Pois há um em cada lugar.

Ao espelho o homem não vem mais
E o outro de lá se afastou
O homem está triste? Quem sabe?
Mas o do espelho nunca mais voltou.

Melodia Noturna

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A Teia dos Loucos


Numa teia estranha em caminhos

muitos passam sem dar explicação

mas os loucos não passam por lá sozinhos,

Ficam melhores quando estão em comunhão.


Vez por outra um louco novo chega à teia

e é acolhido pelos loucos que lá passam.

O louco novo logo à família se assemelha

e enlouquece mais a cada descompasso.


Um louco atiça o outro, é verdade.

E a chama na teia aferventa

com malícia, mistério e maldade,

o louco solitário não se agüenta.


E todos enlouquecem bem ali

diante dos olhos dos outros

mas os loucos não sabem distinguir

olhares famintos de cordeiros e lobos


E a loucura não acaba nesta teia,

se prolonga e pelo dia se estende,

louco com criança se assemelha

e o coração de diversão se enche.


Loucamente as horas vão passando

e os loucos vão passando sem pudor.

Quem me dera ser um louco neste plano

pra viver alguns momentos sem minha dor.


Melodia Noturna